terça-feira, 8 de dezembro de 2009

OS VENDEDORES DE HUMILHAÇÕES

“... publicar em livro [de papel] pode ser – como, aliás, é na maior parte das vezes – uma tremenda de uma fria. E por uma razão bastante simples: muito do que se espera de um livro com o próprio nome na capa, a Internet já oferece, de graça, para estreantes na arte da escrita.”

[Julio Daio: Publicar em papel pra quê?]



A coisa tá feia. Desde que me entendo por gente escuto este refrão. Se bem que quando me entendi por gente o mundo acabava de sair de uma guerra. Então, a coisa tava mais do que feia: tava horripilante. Mas continuou feia. Ouvi que a coisa tava feia quando o Getúlio se matou, quando o Jânio renunciou, quando deram um golpe de estado que durou um quarto de século. A coisa tá feita. Continuei a escutar e a concordar pela vida afora. Já vi venderem água morna, sanduíche de vento, pastel de carne de alma e, há algum tempo atrás, até vagas nas filas do SUSto. Mas a coisa nunca esteve tão feia quanto hoje. Estão vendendo vaidades. Isso mesmo: vaidades. E o pior é que a oferta parece empatar com a procura. Se esta não for maior.

Uma prova disto é que estão vendendo vaidades de uma maneira tão descarada que nem perguntam mais ao consumidor se ele está disposto a comprar. Mandam logo o contrato, faltando só a assinatura. Enfim, como se o negócio já estivesse fechado. A minha oferta de vaidade chegou pelo correio. Recebi o contrato, os boletos de pagamento bancário preenchidos com o devido(?) valor etc. Tão certos já estavam de que eu me encontrava ansioso por este produto.

Não nego que sou vaidoso. Todo mundo é, em maior ou menor grau. Quem diz que não é, além de vaidoso é hipócrita. Acontece que o produto que me foi oferecido (oferecido é modo de dizer, que me foi cobrado) em forma de vaidade é, pelo menos para mim, precisamente o contrário. Ou seja, uma enorme humilhação. Será que ainda não adivinharam qual foi a mercadoria que quiseram me empurrar goela abaixo em forma de vaidade? O produto com que tentaram me achacar... Me humilhar? Isso mesmo. A publicação de um livro escrito por mim mesmo. Para ser pago com o meu dinheiro.

Existiria outra forma de humilhar mais humilhante do que essa? Passo dias suando poças de frases pelo corpo inteiro e transpirando gotas de idéias pelo cérebro para mandar imprimir em papel o que escrevo no computador e ainda pagar caro. Será que existe humilhação maior do que esta?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Cadê O Monteiro?



por Ray Silveira

Menção Honrosa nos XXIX Jogos Florais do Algarve - 2009 (Portugal)
http://www.racal-clube.pt/


Onde andará o Monteiro? Por favor, alguém aí em Portugal poderia me dar notícias dele? Gostaria imenso de reencontrar o Monteiro, pois não o vejo desde Agosto de 1980, portanto há exatos vinte e nove anos. Este início de conversa fiada está a se assemelhar com uma história real sucedida com um ricaço da minha aldeia, quando veio morar aqui na cidade grande. Ele se punha nas paragens dos autocarros e acenava para cada um que passava. Quando o veículo parava, ele subia, pedia ao condutor para aguardar um instante e indagava em alto e bom som a todos os passageiros: “Alguém sabe dizer se o João Arruda vai aí?” Mas, quem sabe, até as pedras se encontram, diz um velho chavão. Pode ser que algum internauta lusitano conheça e dê notícias do Monteiro.

Naquele tempo ele deveria ter entre quarenta e quarenta e cinco anos, estatura mediana, cabeleira basta começando a grisalhar e a tez típica do homem mediterrâneo. Infelizmente, são apenas estes os detalhes que lembro a fim de descrever a sua aparência física, embora ainda tenha aqui comigo uma fotografia onde ele aparece. Só que do peito pra cima. O Monteiro foi o meu cicerone durante a minha primeira viagem a Portugal. Para ser mais preciso, foi o taxista que me levou a conhecer, não apenas a cidade de Lisboa, como também o Estoril, Cascais, Queluz, Sintra, bem como toda a Estremadura.

“Vão à Europa?” Esta foi a primeira grande surpresa que tive durante a minha estréia portuguesa. “Ué, aqui não é a Europa?” “Quase!” Respondeu o Monteiro a sorrir. Somente algum tempo depois foi que fui me inteirar do porquê daquele quase. Mas isto é assunto que só caberia noutra crônica. Por enquanto, basta gravar estas três palavras: Pirineus, mouros e navegações. A segunda surpresa que o Monteiro me proporcionou foi quanto ao uso, ou melhor, ao não uso do gerúndio em Portugal. “Estão a gostar?” “Ficaram a conhecer bem o Castelo da Pena?” “Estão a ver as ruínas do Castelo dos Mouros?” Mais um tema para uma nova crônica. Por ora, é suficiente saber que fomos nós, brasileiros, que abusamos desta forma verbal, influenciados por idiomas adventícios.

Infelizmente, vou ter de fazer algumas restrições à competência do meu primeiro amigo em terras lusitanas, embora reconheça que estarei a ser um pouco injusto para com ele. É que as informações históricas que hoje eu detenho acerca da terra do Monteiro são, seguramente, dezenas de vezes mais ricas e precisas do que as dele próprio. Mas reconheço que seria exigir demais; algo assim como se alguém desembarcasse no aeroporto do Recife, tomasse um táxi qualquer e pedisse ao motorista para ministrar uma aula sobre Maurício de Nassau e o domínio holandês no Brasil.

Então, o Monteiro não explicava – e nem haveria como – que no Mosteiro de Alcobaça estava situado o túmulo da desditosa Inês de Castro, ao lado dos restos mortais do seu amante apaixonado, Dom Pedro Primeiro (primeiro lá para eles, entenda-se, porque o nosso só nasceria 473 anos mais tarde); que o Mosteiro da Batalha foi mandado construir por Dom João Primeiro, marido da rainha Fillipa de Lancaster (e eu não teria hoje uma filha com este nome se, quando voltei ao Brasil, não tivesse ido estudar a história portuguesa); que naquele quarto do Palácio de Queluz - aí sim – nasceu e morreu o nosso Pedro I; que... São tantas as preciosidades que o Monteiro não contou, que tenho dó dos meus companheiros de viagem por não haverem reiterado, como eu reiterei, mais meia dúzia de vezes aquele mesmo roteiro.

Mas, em compensação, nunca encontrei em Portugal, nem no Brasil, nem nas dezenas de países onde já estive, um gourmet igual a ele. Numa certa manhã de Domingo, ele nos levou mais uma vez para Cascais e fomos almoçar a um restaurante sobre cujas mesas repousavam braçadas de mariscos enormes. Inclusive lavagantes. Quem ainda não teve o prazer de conhecer estes últimos, imagine uma lagosta mais ou menos com o porte e o peso de um abacaxi médio. Os crustáceos eram fresquinhos como flores recém-aparadas. Eu gosto mais de lagostas e de camarões frescos do que (ia dizendo de mim mesmo, mas reconheço que seria um pouco exagerado), do que... Tudo! Ao lado deles jaziam, sobre cada mesa, duas garrafas de Bucelas. Sentamo-nos a uma delas e eu fui ao vinho, às gambas e aos lavagantes como se estes fossem os únicos exemplares remanescentes na face da Terra.

Para ser mais exato, entornei, sozinho, duas garrafas de Bucelas e devorei quase todos os camarões e boa parte dos lagostões. Já fiquei embriagado na Europa inúmeras vezes, mas naquele Domingo o Monteiro teve de cobrar taxa de entrega em domicílio, porque sem ele eu jamais teria chegado ao meu quarto no Hotel Flórida, à rua Duque de Palmela, 34. Noutra ocasião, ele nos levou a almoçar a Sintra numa espécie de taberna decorada à moda medieval. Foi uma festa para os olhos, mas sobretudo, para o paladar e para aquela minha devoção quase fanática ao deus Baco. Descemos por uma escadaria íngreme e, subitamente, deparamos com um ambiente parecido com aqueles descritos nos romances de Alexandre Dumas. As paredes eram todas revestidas com garrafas de vinho de todas as marcas, cores, safras, idades, rótulos, buquês e sabores que se possa imaginar. O chão – entremeado de tonéis - era ladrilhado com enormes tijolos de barro cru. Tudo isto junto com o ambiente refrigerado, transmitiam uma sensação de umidade que não havia. Pendiam do teto, como balões ornamentais nas nossas festas juninas, enormes pernis de porco defumado que lá atendem pela graça de presunto (presunto, lá, é fiambre). Enormes embutidos como linguiças, chouriços, salsichões e salames davam voltas pelo vão livre das paredes onde não havia garrafas de vinhos, e pareciam gigantescas serpentinas comestíveis; o cheiro fazia encher a boca de saliva até de quem estivesse sem apetite. Sair dali sóbrio e mal alimentado seria muito mais difícil do que encontrar homem grávido.

Se eu não tivesse retornado mais a Portugal e alguém me pedisse informações sobre o país, só poderia responder com estas palavras: “aquilo não é país, é antes um gigantesco bebedouro e comedouro à beira mar plantado”. É o que devem estar a dizer os meus três companheiros de viagem que ainda não alcançaram a graça de voltar para lá. E tudo isso, graças ao Monteiro. Cadê ele, hein?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prêmios Literários a Partir de Junho de 2006 – (quando começou a competir).

- PRÊMIO UFES DE LITERATURA 2009/2010
http://quebracorpo.blogspot.com/2010/03/premio-ufes-de-literatura-20092010.html

- VI Concurso "Rubem Braga" de Crônicas 2009 “AVESSO” Primeiro Lugar
http://www.academiacl.com.br/web/acl0981_r.html

- VII Concurso SESC MANAUS

- Prêmio UFF de Literatura 2009 - Paris Nem Sempre É Uma Festa.
http://www.noticias.uff.br/noticias/2009/12/entrega-premio-literatura.php

- Talentos Fantásticos 2009 - Antologia Editora Edita-me (Portugal)
http://www.edita-me.pt/index.php

- XXIX Jogos Florais do Algarve - 2009 (Portugal)
http://www.racal-clube.pt/

- Concurso Histórias de Trabalho ed 2009. Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
http://www.portoalegre.rs.gov.br/
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/smc/default.php?p_secao=58

- XVI Concurso de Poesia, Conto e Crônica da Academia de Letras de São João da Boa Vista. “Ponta Esquerda”)Primeiro lugar
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serconcresulta08.php
http://www.meiotom.art.br/resultado8boav.htm

- Concurso Livro de Graça na Praça (Primeiro Socorro) 1° Lugar
http://www.mg.senac.br/v2005/noticias/contos_vencedores_livro_de_graca.htm

– Portal Literal TERRA – Exercícios Urbanos (A SEMANA) Primeiro Lugar (31 de Maio 2007)
http://portalliteral.terra.com.br/artigos/exercicios-urbanos-maio2007

- Fundação CulturalCassiano Ricardo (Clone Fantasma) 1º Lugar
http://www.fccr.org.br/destaques/resultado_antologias.htm

- XVII Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho (AMADADAMA) Segundo Lugar
http://www.meiotom.art.br/resultado7goyta.htm
http://www.campos.rj.gov.br/noticia.php?id=12669

- 5º Concurso Literário de Suzano 2009 'CIRCUITO "AMBÍGUO" (Segundo Lugar)
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=266647&tid=5327438603159513206&na=2&nst=72

- PRÊMIO NACIONAL MENDONÇA JÚNIOR DE CRÔNICA E POESIA (Segundo Lugar: “Eu, Imortal”)
http://www.extralagoas.com.br/noticia.kmf?noticia=6983300&canal=342

– Concurso de Contos e Poesias “1º Prêmio Jovem Escritor" (Segundo Lugar) O Fazedor de Charque
http://www.editoradeleon.com.br/website.htm
http://www.editoradeleon.com.br/premiacao.htm

- PRÊMIOS DA União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) Livro de Contos “Memórias de Um Não Nascido” (3º Lugar)
http://www.edirmeirelles.com/ube_RESULTADOS.htm
http://www.meiotom.art.br/resultado7ube.htm

- Prémio Literário Paul Harris-2007 "DE MÉDICOS & DE LOUCOS" Livro de Contos
Promovido pelo Rotary Club de Faro – Portugal (Única Menção Honrosa)
http://www.meiotom.art.br/resultado7harris.htm

-XXVI JOGOS FLORAIS DO ALGARVE Portugal /2006 (Clone Fantasma)
http://www.racal-clube.pt/Pages/Jogos-florais_Premiados.htm

- XXXI Concurso Literário Felippe D'Oliveira – 2008
Conto,Crônica e Poesia (O ESQUERDISTA)
http://www.santamaria.rs.gov.br/index.php?secao=literario_result
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=5227043802746177121

- PRIMEIRO CONCURSO DE POESIA DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (menção honrosa) A Vida Numa Casca de Noz
http://www.arteliteraria.com.br/

-INTERAÇÃO - RESULTADO DA SELEÇÃO DE CRÔNICAS E POEMAS
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=25358242

- PRIMEIRO CONCURSO DE CONTOS DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (A Última Vez Que Viu Paris)
http://www.arteliteraria.com.br/

- PRIMEIRO CONCURSO DE POESIA DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (Terceiro Lugar) Não Apaguem as estrelas
http://www.arteliteraria.com.br/

- 1º CONCURSO NACIONAL DE POESIA " POETA BENEDITO NASCIMENTO SANTOS" 2006 – Promoção da Academia Itajubense de Letras (Não Apaguem as Estrelas) Menção Honrosa.
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serconcresulta07.php

-1º Concurso de Contos das Livrarias Curitiba (Título: Ilha da Páscoa)
http://www2.livrariascuritiba.com.br/index.php?system=news&action=read&id=277&eid=124

- CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA CIDADE DE SANTA ROSA (Sufocação)
http://ases.zip.net/index.html

- 3º Concurso Guemanisse de Contos e Poesias (Hoje)
http://www.guemanisse.com.br/content/view/69/52/

- UNIFEOB 3º Concurso Literário Octávio da Silva Bastos (Sufoco)
http://www.feob.br/novo/cursos/letras/index_noticias_int.asp?id=1065
http://www.meiotom.art.br/resultado7bastos.htm

- "O Universo feminino: realidade, sonho e ficção". (SESC – AMAZONAS) “O Mito de Capitu”

- XI CONCURSO DE PROSA (Seguro Saúde)
Prêmio Professor Antonio Carlos de Almeida
Bragança Paulista
http://www.gargantadaserpente.com/encanta/c_asesprosa_r.shtml

– III Concurso de Contos de Cordeiro (Frenesi – Menção Honrosa)
http://www.overmundo.com.br/agenda/iii-concurso-de-contos-de-cordeiro-rj

- I CONCURSO DE CONTOS CURTOS FATEC-MOCOCA
TEMPORADA 2007/2008
SELECIONADOS (Três contos premiados: IMOLAÇÃO, A ARTE DE AMAR, FRENESI)
http://www.fatecmococa.com.br/default/sis/Default.asp?Artigo=67
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=2571495569080854093&na=2&nst=35

- 13º Concurso Literário Portugal-Brasil e XI CONCURSO LITERÁRIO - ALGARVE-BRASIL / 2008 “ALDEOTA” (Menção Honrosa) http://www.geocities.com/clubedasimpatia/c1.html
http://www.meiotom.art.br/resultado8portugal.htm

- XIII CONCURSO DE PROSA (Bragança Paulista - 2008) Prêmio Jornalista José Carlos Chiarion “EXTREMA ESQUERDA”
http://www.asesbp.com.br/concursos/XIII_prosa_result.htm
http://portalliteral.terra.com.br/

- CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA CIDADE DE SANTA ROSA (Sufocação)
http://ases.zip.net/index.html

- UNIFEOB 3º Concurso Literário Octávio da Silva Bastos (Sufoco)
http://www.feob.br/novo/cursos/letras/index_noticias_int.asp?id=1065
http://www.meiotom.art.br/resultado7bastos.htm

- "O Universo feminino: realidade, sonho e ficção". (SESC – AMAZONAS) “O Mito de Capitu”

– III Concurso de Contos de Cordeiro (Frenesi – Menção Honrosa)
http://www.overmundo.com.br/agenda/iii-concurso-de-contos-de-cordeiro-rj

- I CONCURSO DE CONTOS CURTOS FATEC-MOCOCA
TEMPORADA 2007/2008
SELECIONADOS (Três contos premiados: IMOLAÇÃO, A ARTE DE AMAR, FRENESI)
http://www.fatecmococa.com.br/default/sis/Default.asp?Artigo=67
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=2571495569080854093&na=2&nst=35

- XIII CONCURSO DE PROSA (Bragança Paulista - 2008) Prêmio Jornalista José Carlos Chiarion “EXTREMA ESQUERDA”
http://www.asesbp.com.br/concursos/XIII_prosa_result.htm

- Prêmio UFF de Literatura 2008:
júri divulga finalistas
http://www.eduff.uff.br/noticias.php?id=359

- Prêmio Literário FEPAM 40 anos – “EXORCISMO” – Destaque Especial
http://www.unipam.edu.br/noticia.unipam?noticia.idNoticia=272

- Prêmio Cidade de Conselheiro Lafaiete “O VÔO DA MORTE” (2º Lugar)
http://www.meiotom.art.br/resultado8lafa.htm

- 3o. Concurso de Contos do Tijuco “RETRATOS DA ALMA”
http://www.alami.xpg.com.br/50.html
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=5276671746157407703

- Concurso Nacional de Contos "João Guimarães Rosa" (“O DIABO HÁ!” - 3º Lugar) ASBL (Academia Sul Brasileira de Letras - Pelotas RS – 2008

– Prêmio UFF de Literatura 2008 – FINALISTA
http://www.meiotom.art.br/resultado8uff.htm

- Prêmio UFF de Literatura 2008 – Menção Honrosa
http://www.editora.uff.br/

- Prêmio Literário Cidade de Porto Seguro – 2008 (Sinistro)
http://www.meiotom.art.br/resultado8porto.htm

- Segundo Prêmio Literário Sérgio Farina 2009
http://www.texticulosdojari.blogspot.com/

- VII Prêmio Escriba de Contos 2009 "Exorcismo"
Selecionado para a antologia.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

80% a 6%

Emir Sader, sociólogo

O governo Lula é um horror, dos piores que o Brasil já teve. Surfou na estabilidade monetária que FHC implantou, nas políticas sociais que dona Ruth havia iniciado e numa situação internacional favorável para, com sorte, ter ventos favoráveis. Ainda assim, o Brasil cresceu menos do que a China e outros países emergentes, não aproveitou tudo o que podia naquela conjuntura. Ai chegou a crise, Lula subestimou-a, demorou para tomar medidas, apesar disso seguiu aumentando o gasto publico, quando deveria incrementar o ajuste fiscal, diminuir as despesas da administração, suspender ou cancelar os prometidos aumentos de salários dos funcionários públicos, suspender ou cancelar obras do Pac — em suma, reimpor a austeridade fiscal que FHC implantou.

O governo aparelha os cargos públicos, usa empresas estatais como a Petrobras para financiar projetos do PT e da CUT, acoberta a corrupção do PMDB para tê-lo como aliado nas eleições presidenciais de 2010, lança uma candidata sem experiência política, faz campanha em torno das realizações do governo.

O governo privilegia alianças com os países pobres — da América Latina e do Sul do mundo —, prefere ser líder dos atrasados, ao invés de privilegiar alianças com os países desenvolvidos. Faz concessões a países vizinhos como a Bolívia, a Venezuela, que desenvolvem políticas populistas, afetam nossos interesses, colocam em risco a democracia nesses países — como o que ocorre com a imprensa privada na Venezuela ou com os estados da meia lua na Bolívia.

Essas cantilenas ouvimos e lemos todos os dias nos jornais, rádios e televisões. Podem parecer coerentes a alguns. Mas somente 6% da população, mesmo em tempos de crise econômica, apoia essas posições. Baixíssima produtividade dos que produzem e reproduzem essas cantilenas. 80% acham outra coisa, apesar de não dispor dos argumentos favoráveis, porque a imprensa não reproduz as razões das políticas governamentais.

O povo não está de acordo com afirmações que se insiste fazer passar como consensos nacionais, mas que correspondem aos interesses de setores minoritários do país, como as de que “gastar dinheiro com pobre não vale a pena”, de que “o Estado deve cobrar menos impostos”, “o governo deve ter menos participação na economia”, “o governo não deve contratar mais funcionários”, entre outras .
O povo se dá conta de que os gastos com políticas sociais favorecem a grande maioria, promovem a justiça social, um Brasil para todos. O povo percebe que a tributação significa colocar dinheiro nas mãos do Estado para fazer essas políticas, que buscam compensar as desigualdades e injustiças produzidas pelo mercado. O povo sabe que o Estado intervém na economia para promover o desenvolvimento econômico, para distribuir renda, para defender os interesses nacionais. O povo se dá conta de que os funcionários públicos contratados pelo governo são, em sua grande maioria, professores para as escolas públicas, médicos, enfermeiras, dentistas, para o serviço público de saúde, fiscais para controlar as normas de funcionamento da economia e da sociedade em geral, são pessoas para atender aos serviços que o Estado oferece à população.
São duas concepções de Brasil que se chocam cotidianamente na imprensa e o povo tem se decidido, por 80% a 6%, a favor de uma delas, a de um Brasil para todos e não apenas para alguns, como tinha sido ao longo de tanto tempo.
Fonte: Correio Braziliense - 19/07/2009
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/7/19/80-a-6

sexta-feira, 24 de julho de 2009

"Livro de Papel Desaparecerá"

Jean Paul Jacob
Engenheiro eletrônico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica
(ITA), com doutorado duplo em Ciências e Matemática, Jacob é cientista
emérito do Centro de Pesquisas da IBM em Almaden, no Vale do Silício, o
principal pólo tecnológico do mundo, e professor da Universidade da Califórnia,
em Berkeley (EUA).
Seus interesses em sistemas de apoio à decisão, engenharia de
software, interfaces entre usuários e computadores, o levaram para área de
previsões de futuras tecnologias e possíveis cenários, tornando-se conhecido
internacionalmente através de mais de 300 entrevistas para jornais e revistas,
em 12 países.
Aproveitando seu treinamento em shows do ITA, Jean Paul também deu
31 entrevistas para TVs, incluindo - nos extremos - duas para a CNN e quatro
para o Jô Soares. Jean Paul também já deu pelo menos 300 palestras em 15
países e tem vários prêmios, orgulhando-se principalmente de ter recebido dois
prêmios importantes da escola de Engenharia de Berkeley, considerada em
2005 a melhor do mundo pelo Times de Londres. É recipiente dos prêmios
"Distinguished Alumni" em 1993 e "Resarch Leadership Award" em 2003.
Orgulha-se igualmente por ter sido escolhido como paraninfo da turma de 1996
do ITA. Em 2006 recebeu o primeiro Prêmio Destaque Iteano
Jean Paul Jacob – que, apesar do nome afrancesado e de viver nos
Estados Unidos há mais de quatro décadas, é paulistano – é conhecido por
suas previsões sobre como a tecnologia irá impactar nossas vidas nas
próximas décadas. Na década de 1980, por exemplo, ele já anunciava o fim do
vinil e profetizou o surgimento dos computadores portáteis, das câmeras
digitais e dos eletrodomésticos inteligentes.
. Aos 71 anos, 45 deles atuando como pesquisador da IBM nos Estados
Unidos, Jacob continua como uma espécie de futurólogo a exercitar-se na bola
de cristal. Ele é tão instigante quanto o futuro que antevê. Não usa celular,
ignora a maioria dos e-mails que recebe e tem um avatar (personagem
tridimensional na internet) que é até prefeito de uma ilha virtual no Second Life.
Bia Parreiras
"Não existe personalização maior do que
esta: a TV que só transmite o que o usuário
quer"
“Livro em papel desaparecerá dentro de 30 anos”
Fonte: Site Multirio – Século XXI - 14 de abril de 2005
http://www.multirio.rj.gov.br/sec21/almanaque_artigo.asp?cod_artigo=2560
Por Maria Cristina Martins
Trinta anos é o prazo que o brasileiro Jean Paul Jacob, prevê para que os meios
digitais substituam o livro em papel - isto considerando os países chamados em
desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Para os mais desenvolvidos, a mudança
aconteceria antes: "nove anos, seis meses e 17 dias", brinca o pesquisador.
- Quando eu dizia que o vinil ia acabar, as pessoas me xingavam. No futuro, o
livro em papel vai estar para o digital assim como o vinil está, hoje, para o CD ou o
DVD - compara Jacob.
O pesquisador define o livro em papel como "tinta sobre árvore morta" e
destaca como vantagens do digital a possibilidade de adaptação dos caracteres e a
facilidade de atualização do conteúdo. Diante dos argumentos de que o suporte
convencional permite a leitura em qualquer lugar, Jacob rebate com um exemplo
pessoal:
- Para ler na cama, é necessário estar com a luz acesa, já que o livro não tem
iluminação própria. Como minha esposa era sensível à luz, eu tinha que ler com a
"lanterninha de mineiro", que se amarra na testa, e precisava abaixar a cabeça. Não
era confortável.
O termo ebook (livro eletrônico) refere-se a duas situações: o livro que foi
digitalizado, podendo, portanto, ser acessado pela internet; e um aparelho que permite
armazenar mais de mil páginas e tem o tamanho, o formato e o peso de um livro
tradicional. De acordo com o editor e idealizador da eBookCult, Ednei Procópio, já há
disponíveis na web cerca de cem mil títulos apenas em língua portuguesa. Quanto ao
aparelho, ainda não é vendido no Brasil.
Segundo Jacob, a IBM atualmente trabalha no desenvolvimento de um chip de
projeção que permitirá a leitura em qualquer espaço branco, como uma parede,
usando a tecnologia Mems (micro-eletronics mechanical systems) e DLP (digital light
processing). Esse chip poderá ser acoplado em objetos usados pelas pessoas
cotidianamente, como relógios, óculos ou jóias. Isso tem relação com a chamada
computação pervasiva ou ubíqua - a idéia de disponibilizar o acesso à computação em
qualquer lugar e o tempo todo.
- O que as pessoas querem? Comunicar-se, conectar-se com outras pessoas,
com informação e entretenimento, a qualquer hora e lugar. Para isso, têm de estar
constantemente com o instrumento de conexão - explica Jacob.
Professor do Departamento de Informática da Universidade do Estado de São
Paulo (USP), Alan Mitchell Durham diz que a computação ubíqua vem sendo discutida
na academia, assim como a questão do ensino não presencial, com utilização da
internet. O aparelho de leitura digital, porém, ainda não é uma questão difundida.
- O livro eletrônico tem apelo maior no "primeiro mundo", onde o custo relativo
da tecnologia é menor. Acredito, porém, que pode ter um apelo forte no meio
empresarial, onde a alta demanda associada à capacidade de investimento e
necessidade de redução de custos tornam a adoção dessas tecnologias muito
atraente. Um exemplo é o uso de PDAs, que se expandiu muito - afirma.
Segundo o professor do Instituto de Computação da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) Jacques Wainer, ninguém na área de computação no Brasil
estuda especificamente este assunto, porque, de um ponto de vista acadêmico e
técnico, não seria um tema interessante. Sobre o fim do papel, ele contrapõe uma
previsão que se fazia nos anos 1980.
- Falava-se do escritório sem papel (paperless office), que ainda não se
materializou. Parece-me que o consumo de papel continua sempre crescente - diz.
Durham acredita ser possível, em termos de tecnologia, que o papel seja
substituído, mas ressalta que a previsão só faz sentido quando se fala nos chamados
países desenvolvidos. Além disso, faz uma comparação com a previsão de que a
internet mataria os jornais em papel, o que ainda não aconteceu.
- Não podemos subestimar a relação subjetiva das pessoas com a
manipulação do material impresso. Acredito que isso não seja viável nem a médio
prazo. Duvido que alguém imagine, por exemplo, livros eletrônicos nos países pobres
da África ou em boa parte da Índia - lembra Durham.
O professor do Departamento de Computação da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) Eduardo Savino Gomes considera a opinião de Jean
Paul Jacob relevante, mas atenta para a questão do costume.
- Jean Paul Jacob é respeitadíssimo pela suas previsões, pois tem uma gama
de informação muito superior a de muitos professores nos meios acadêmicos. Ele
deve ter conhecimento de que o custo do livro em formato digital devem torná-lo muito
mais atraente. Porém os hábitos dos leitores, como colocar anotações em páginas ou
levar o livro para qualquer lugar, também contam para se fazer uma previsão de
tendência de mercado - avalia.
Professor do Departamento de Informática da USP, Flávio Soares Correa da
Silva tem opinião diferente em relação à previsão de Jacob. Para ele, definir prazos
para a ocorrência de eventos científicos ou tecnológicos costuma ser um ato
ridicularizado nos meios científicos, por expressar mais o desejo ou interesse de um
indivíduo.
- Tecnicamente, essas tecnologias já deram certo, uma vez que funcionam
conforme projetado. Mas socialmente visam a atender uma minoria que tem acesso
aos meios digitais. Além disso, livros em papel são, em si, uma forma de expressão.
Substituí-los por meios digitais significaria extinguir uma forma de expressão cultural e
artística. Aqueles que compartilham do prazer de passear por uma biblioteca ou por
uma livraria ou de manusear um livro, desconsiderando totalmente questões "práticas"
ou de "racionalização econômico-financeira", sabem do que estou falando - pondera.
De acordo com as assessorias de imprensa da Microsoft e da Apple, nenhum
representante das duas empresas quis falar sobre o assunto.
"O celular será um supercomputador"
Fonte: Revista Veja – Edição Especial – nov/2005 – Natal Digital
Por José Edward
Nesta entrevista, entre outras previsões, afirma que, em pouco tempo,
telefones celulares e videogames portáteis serão tão potentes quanto
supercomputadores e que, no máximo em três décadas, o livro de papel será
substituído por um similar digital.
Veja – Quais inovações tecnológicas serão incorporadas ao dia-a-dia das pessoas nos
próximos anos?
Jacob – Costumo dizer que o celular está se transformando numa espécie de canivete
suíço digital, que oferece, ao mesmo tempo, cada vez mais e variados serviços. A
convergência tecnológica ocorre de forma espetacular nos celulares. Cada vez mais
esse aparelhinho funcionará como um computador, que permitirá ouvir músicas, ver
vídeos, transmitir dados, acessar a internet, caixas eletrônicos e máquinas de
refrigerantes, entre outros. Em algumas cidades da Europa e da América do Norte, até
os parquímetros estão interligados à internet por redes de comunicação sem fio, o que
permite que os motoristas paguem o estacionamento pelo celular.
Veja – Além do celular, que outros equipamentos se beneficiarão da convergência?
Jacob – Os videogames. A tendência é que sejam acopladas cada vez mais funções a
esses aparelhos. A IBM, por exemplo, está desenvolvendo um poderosíssimo
processador, o Cell Chip, que é na verdade um supercomputador com dez vezes mais
potência que os chips comuns. Ele permite que os videogames se transformem em
computadores pessoais nos quais o usuário, além de jogar, poderá ver TV e acessar a
internet, entre outras funções. Esse superchip será lançado oficialmente em 2006, mas
já está sendo testado em games da Sony e em TVs da Toshiba. Graças a ele, já é
possível, por exemplo, ouvir MP3, ver fotos e assistir a filmes no Playstation portátil, da
Sony.
Veja – O senhor daria outro exemplo de aplicação desse superchip?
Jacob – Ele permitirá também que os gamemaníacos fiquem plugados o tempo todo
na web e possam, por exemplo, acessar internet banking a partir do videogame. Além
disso, como teremos uma enorme quantidade de games em rede, é possível que haja
uma grande expansão de jogos educacionais ou pedagógicos. As escolas poderão
aproveitar a destreza que os jovens têm com aqueles botões e programar cursos mais
atrativos, por meio de jogos.
Veja – Que outras tendências o senhor vê?
Jacob – A massificação com personalização dos serviços e do entretenimento. Ou
seja: a possibilidade de produtos fabricados em massa poderem ser adaptados aos
gostos e interesses de usuários específicos. O melhor exemplo nessa área é a TV
digital. No futuro, todos os aparelhos de TV serão idênticos, mas cada pessoa vai
poder formatar a seu bel-prazer a programação. Você "dirá" à TV os assuntos de sua
preferência e ela selecionará automaticamente em todos os canais os programas
disponíveis que atendem ao seu perfil. À noite, quando voltar para casa, terá um canal
preparado exclusivamente para você. No futebol, por exemplo, será possível
selecionar apenas os jogos do seu clube. Melhor ainda: no caso de derrota dele, para
não se aborrecer muito, você poderá ordenar que seja gravado apenas o compacto do
jogo. Não existe personalização maior do que esta: a TV que só transmite o que cada
indivíduo quer.
Veja – A TV de alta definição é realmente um ganho para o consumidor ou apenas
uma "necessidade" criada pelo mercado e imposta ao público?
Jacob – É, sem dúvida, um grande avanço para o consumidor, porque associa alta
definição com digitalização. Há uma série de vantagens, como o fato de o
telespectador estar assistindo a um programa, clicar em algum objeto ou personagem
na tela e poder obter, instantaneamente, mais informações sobre ele. Teremos, enfim,
uma televisão personalizada e inteligente.
Veja – E os home theaters?
Jacob – Os home theaters terão alto-falantes altamente direcionados, de tal forma que
duas pessoas poderão ver canais e ouvir músicas diferentes, simultaneamente, no
mesmo aparelho, cada uma com seu controle remoto. Através de efeitos holográficos
ou de imagens polarizadas, pessoas sentadas em ângulos diferentes poderão ter
áudio e imagens direcionados exclusivamente para elas.
Veja – Se celulares e outros equipamentos vão assumir o papel de computadores
pessoais, qual será o futuro dos notebooks?
Jacob – Os notebooks já chegaram ao que chamo de platô de produtividade. A
tendência é que o formato atual seja rapidamente transformado ou substituído por uma
série de instrumentos muito menores, mas com capacidade para executar as mesmas
funções, além de outras, como os já citados celulares e videogames.
Veja – Quais as vantagens desse acesso às tecnologias por vários meios?
Jacob – Costumo dizer que a web recolocou o homem no centro do universo. Hoje, a
grande demanda, em termos de tecnologia, é poder acessar e conectar pessoas,
informações e entretenimento a qualquer hora e em qualquer lugar. Junto com essa
onipresença da tecnologia, o que se pretende é que ela seja embarcada em aparelhos
que possam estar com o usuário o tempo todo. E, de preferência, que caibam no bolso
ou na bolsa.
Veja – O senhor sustenta a profecia que fez recentemente de que, dentro de no
máximo três décadas, o livro de papel será substituído pelo livro eletrônico ou digital?
Jacob – Na década de 1980, quando eu dizia que o disco de vinil ia acabar, quase era
apedrejado. Pois dou minha cara a tapa novamente: o livro em papel vai estar para o
digital assim como o vinil está, hoje, para o CD ou o DVD. O conceito de livro não
desaparecerá, mas você precisará comprar apenas um em toda a vida. O conteúdo
será todo colocado em um chip de memória ou na internet, assim como ocorre hoje
com os celulares. Já existem livros digitais apenas para ouvir, que podem ser baixados
em palmtops, celulares e iPods.
Veja – O que faz uma tecnologia "pegar" e outras não?
Jacob – A boa tecnologia é a que se traduz numa ferramenta que permite solucionar
problemas ou criar situações socioeconômicas, culturais e políticas desejáveis. Uma
empresa americana testou um telefone celular de papel feito com material
biodegradável. A idéia era que o usuário o utilizasse por uma ou duas horas, como
pré-pago, e o descartasse. Estudos de mercado revelaram, entretanto, que um
equipamento do gênero, pelo menos por enquanto, não é socialmente aceitável. A
tecnologia existe. Falta apenas viabilizá-la comercialmente.
Veja – Que fatores interferem na velocidade de viabilização de uma nova tecnologia?
Jacob – Vários, como a estratégia de comunicação e, sobretudo, a aceitação do
público. A velocidade de percurso, do disparo da tecnologia até sua viabilização, é
diferente para cada produto. Em média, uma tecnologia que pega se torna madura em
cinco anos, sendo que as grandes tecnologias conseguem se viabilizar com a metade
desse tempo. O CD, por exemplo, demorou menos de dois para atingir a maturidade
comercial. Já o celular precisou de mais de cinco anos, pois inicialmente era uma
tecnologia muito cara. Alguns produtos, como o videofone, talvez levem um século
para se viabilizar
"Os computadores vão todos sumir"
Fonte: Jornal Diário Catarinense – 19 de novembro de 2007
Ele defende que os robôs não vão dominar, porque máquinas não têm
capacidade de interpretar o sentimento contido em palavras
Agora, prevê o fim dos PCs e do que chama de "tinta sobre árvore morta", os livros.
Ele esbanja críticas à cultura do celular, que faz as pessoas pararem o que estão
fazendo para atender ao telefone, e defendeu que as tecnologias devem se adaptar ao
ser humano, não o contrário.
- Quanto mais bugigangas tecnológicas as pessoas tiverem, mais ficarão
escravas da tecnologia - disse.
A seguir, confira algumas de suas idéias sobre o futuro:
TECNOLOGIA DO FUTURO
- O ser humano tem uma mente que funciona tridimensionalmente. A internet em 3D é
a tecnologia do futuro. O resto não sabemos. O que vai acontecer quando tivermos a
capacidade de processamento do cérebro no bolso (por exemplo, em aparelhos do
tamanho de uma caixa de fósforos)? Tem muita gente que acha que os robôs vão nos
dominar. Mas acho insolúvel o problema do reconhecimento da fala, porque dois seres
humanos sempre entenderão diferentemente o que foi dito. Cada um interpreta as
palavras de um jeito, e elas evocam sentimentos diferentes. A ambigüidade do ser
humano é bonita. Ninguém nunca fará um sistema que possa conversar com você. O
computador não nos entenderá.
FIM DO PC
- Computadores vão todos sumir. Tudo vira computação. Um carro tem mais poder
computacional do que um desses laptops modernos. Hoje, existem vários lugares
onde há mais objetos conectados à internet do que pessoas. A previsão é que, dentro
de 10 anos, tenhamos 1 trilhão de usuários de internet. Nós só somos 6,5 bilhões de
pessoas no mundo. Todos os que estão faltando aí serão objetos. Nos Estados
Unidos, sensores ligados à internet (como os usados nos carros para passar em
sistemas de pedágio, entre outros) já ultrapassam o número de usuários humanos.
INTERAÇÃO COM O USUÁRIO
- A nossa comunicação com a internet não será mais feita por teclado e computadores
convencionais. Quando isso vai acontecer depende da cultura. Os jovens interagem
muito por telefone. Qualquer coisa que tenha informação, uma caneta, pode ser
projetada numa parede. Ou seja, os portáteis certamente serão o futuro do que
chamamos de computação ubíqua (em todos os lugares). Vamos interagir de várias
maneiras. Não preciso nem tocar na tela. Pode-se projetar sob uma mesa um teclado
virtual e usá-lo. É o que se chama de touch typing. Computadores com pequenas
câmeras podem olhar nossas expressões faciais, interpretar o que queremos de
acordo com o que estamos olhando na tela.
BROWSER COMO AVATAR
- Mundos virtuais são o futuro da internet. O browser (navegador de web) vira o avatar
(personagem tridimensional na web), que vai buscar as coisas. Hoje, o que o browser
faz por você é procurar sites e requisitá-los. Então o avatar vai e olha. Os avatares são
construídos pelos usuários. Isso soa como a Wikipédia (enciclopédia online
colaborativa), porque ela é construída por nós. Hoje, o Second Life é uma Wikipédia
gráfica.
ESVAZIAMENTO DO SECOND LIFE
- O Second Life foi um pioneiro, mostrou uma possibilidade de tecnologia, desinibiu as
pessoas para uma fase inovadora. Muitos concorrentes estão surgindo. Quem vai
vencer é muito difícil prever. Isso de hype (exagero) é só para quem entra (no Second
Life) e não tem a curiosidade de ver a riqueza de opções que o mundo virtual oferece.
Não posso viajar muito e visito novos locais pelo Second Life. Posso passear pela
Porto Alegre virtual porque não vou ter tempo de visitar a Porto Alegre real.
E-BOOKS
- Os livros são caros. Seria ideal lançar um livro eletrônico. Comprar só um livro na
vida e baixar da internet o conteúdo. Mas isso não pega porque as gerações atuais
estão acostumadas como o sistema atual. Não estão preparadas e não vão gostar de
ler (no e-book). Por isso, não falo mais do fim do livro, porque as pessoas vão me
odiar. A experiência (em que previu o fim) do vinil foi traumática. Hoje, existem nos
Estados Unidos bandas que tocam na internet. Se você gostou, pode mandar o quanto
quiser. A cultura diferencia o uso e o desenvolvimento de tecnologia.
Na verdade o PC vai estar em tudo, de outro jeito e como Jean mesmo disse:
não terá a capacidade de interpretar o sentimento humano contido em palavras!
“As pessoas querem poder falar com o
computador”
Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 24 de março de 2008
Por Rodolfo Lucena
Para cientista, reconhecimento de voz avança, mas ainda é insuficiente para
permitir um diálogo com as máquinas
Nesta entrevista, feita por telefone, ele aponta desafios que a indústria e a sociedade
ainda precisam enfrentar.
FOLHA - Quais as grandes inovações tecnológicas dos últimos 25 anos?
JEAN PAUL JACOB - A primeira observação é que todos os destaques desse
período não eram previstos há 25 anos. Vou dar apenas dois exemplos. O primeiro é a
web, o aparecimento de uma interface gráfica na internet. E 25 anos atrás, nem
internet existia. Existiam algumas redes particulares de comunicação, muito limitadas,
sem interface gráfica, muito difíceis de utilizar. Então, em 1993, grande surpresa:
surge a web, que explode e muda o mundo da informática. E o outro destaque, que
afeta todos nós, é a intimidade que nós desenvolvemos no nosso relacionamento com
átomos, moléculas, bactérias etc. Essa intimidade era impossível de prever, porque o
átomo tem dimensões tais que não pode ser visto com o microscópio óptico.
Quando eu estudei no ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em 1960, nós
sempre ouvimos falar que o átomo não era visível porque tinha uma dimensão menor
do que o menor possível comprimento de onda de luz visível. De repente, nós
começamos a vê-lo, colocando o nosso dedo, por assim dizer, sobre sua superfície e
sentindo a presença do átomo como uma pequena montanha. As duas disciplinas que
mais impactarão nossa vida no futuro, a nanotecnologia e a bioinformática,
começaram exatamente no desenvolvimento da nossa intimidade com o átomo.
FOLHA - E que produtos marcaram o período? O celular? O notebook?
JACOB - O celular. Mas, mais genericamente, uma categoria de produtos que chamo
de assistentes pessoais digitais, que eu chamo de Asped. O Asped faz tudo por nós.
Então, nessa categoria, há o celular, o notebook, o GPS, as coisas como o iPod etc.,
produtos cujo sucesso não previmos, mas, também, não nos surpreenderam tanto.
O que mais me surpreendeu, pessoalmente, foi o telefone celular. Em 1987, houve
uma demonstração, nos EUA, de telefonia celular. A tecnologia já existia, mas o
aparelho era um receptor de rádio que tinha o tamanho e o peso de um tijolo.
FOLHA - Um monstro...
JACOB - Ficava no carro, porque era tão grande: tinha o tamanho, o peso e a
inteligência de um tijolo. Às vezes pegava, às vezes não pegava. Então, a evolução do
celular se deveu à tecnologia, que foi diminuindo o tamanho dos circuitos.
FOLHA - Aconteceram também fracassos, como o Simon, da IBM, e o Newton, da
Apple...
JACOB - Você mencionou dois que foram fracassos, mas não grandes. O maior
fracasso dos últimos 40 anos é algo chamado videofone. São telefones que tinham
uma tela de vídeo, onde você veria o seu interlocutor. Foram lançados os primeiros em
1964. Foram relançados uns 60 modelos-eu, pessoalmente, tenho uns 15 deles.
Esses relançamentos sempre foram baseados em pesquisa de opinião mostrando que
iam ser um sucesso. Nunca foram. Mudavam a estrutura de marketing: "Agora, vai
pegar". E nunca deu certo.
FOLHA - E quais são os grandes desafios de hoje? Bill Gates sempre falava de
linguagem natural e até hoje não temos nada próximo...
JACOB - Não só o Bill Gates, muitas outras pessoas sempre disseram isso. Era uma
vontade esmagadora. Eu raramente vi tanta uniformidade quanto em pesquisas de
opinião em que a gente perguntava qual é a tecnologia que você mais quer ver
aparecer. Era sempre o reconhecimento da voz pelo computador. "Eu quero conversar
com o meu computador, não quero ter que teclar, porque eu converso com outras
pessoas", diziam. É uma das ambições mais antigas. Já se fez um bom progresso
nisso. Há, por exemplo, um sistema usado pelo Exército dos EUA, um sistema para
traduzir do inglês para o idioma árabe, para que soldados americanos no Iraque
possam se comunicar com os locais. Os soldados falam em inglês, o sistema traduz e
reproduz, por meio de uma voz sintética, algo em árabe e vice-versa. É um sistema
bastante especializado, porque a conversa de um soldado com um local se refere à
saúde, à segurança etc.
FOLHA - Funciona em um contexto pré-definido.
JACOB - Exatamente, porque a linguagem é cheia de complicações. Há palavras que
soam iguais, mas têm significado diferente e só podem ser compreendidas em um
contexto. A frase em português "eu vim verificar" pode ser entendida também como
"eu vim ver e ficar". A mesma coisa com a frase "o livro da Vanessa": ela é dona ou
autora do livro? Haverá progresso, mas muito lento. Os idiomas têm ambigüidades. Se
você ler um poema que eu tenha escrito para mim mesmo, pode interpretá-lo de
maneira totalmente diferente. A interpretação de uma frase, de uma conversa,
depende do contexto social, depende do grau de intimidade dos interlocutores. Se
você diz: "As galinhas estão prontas para comer", pode significar que elas estão
prontas para se alimentar ou estão prontas para serem servidas em um almoço...
FOLHA - Quais outros grandes desafios para a próxima década?
JACOB - Outro grande desafio é encontrarmos alternativas a computadores que não
utilizem a tecnologia de hoje, que está chegando ao seu limite. Nós vamos precisar de
um poder computacional muito superior ao de hoje, e não temos tecnologia, não
podemos fazer transmissores e circuitos mais rápidos. Então, estamos adotando
soluções tipo paralelismo, múltiplos processadores, múltiplos núcleos etc., e podemos,
também, pensar em computador quântico. Ou seja, o desafio é conseguirmos
computadores que sejam de mil vezes a 1 bilhão de vezes mais poderosos que os de
hoje. E as pessoas perguntam: por quê? E a resposta que eu dou é muito simples: a
tecnologia tem que servir para resolver problemas sociais, econômicos, culturais ou
políticos.
Os problemas que eu tenho em mente são problemas de saúde, por exemplo, de
pragas, de doenças etc. Seria muito bom se nós conseguíssemos pesquisar proteínas
que combatessem essas pragas e as doenças em nível individual, levando em
consideração a higiene de um indivíduo. Para fazermos isso computacionalmente, o
poder requerido dos computadores é muito, mas muito maior do que o que temos hoje

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Síndrome Celulósica

por Ray Silveira

A maioria das pessoas medianamente inteligentes, com um mínimo de visão do futuro e que têm acompanhado a evolução da informática, reconhece que os anos dos livros de papel estão pesados, medidos e contados. Uma minoria, contudo, ainda continua tão apegada a eles que não admite sequer usar a razão para pelo menos discutir o assunto. É como a história de um casal que se ama demais, um deles se encontra na fase terminal de uma doença incurável e o outro se recusa a aceitar a realidade. Dezenas de mecanismos psicológicos de defesa são utilizados inconscientemente com este intuito porque os indivíduos propendem a se aferrar aos seus hábitos, às suas comodidades, às suas conveniências e até às suas paixões com o propósito de não admitir mudanças, como se o progresso estivesse se importando com as suas ilusões. Portanto, escritores novatos que sofrem da Síndrome Celulósica, corram logo para publicar os seus tratados de papel enquanto eles ainda não correm o risco de irem parar num museu, mal acabem de sair do prelo!
Com efeito, quem não adora um livro de papel? Um dos meus hábitos mais renitentes é fazer minhas vias-sacras pelas livrarias da cidade e este costume não é de agora. Comecei a idolatrar livros desde os meus dez ou doze anos de idade. Poucos prazeres se comparam a passar horas percorrendo as prateleiras, tirando, alisando, lendo e até cheirando livros novos. Mesmo os sebos, nunca deixei de freqüentar. Quando viajo, uma das minhas raras intolerâncias é quando a minha companheira se mete a exercitar o esporte predileto dos turistas brasileiros - fazer compras. O único atenuante que me faz suportar a espera é ficar numa livraria enquanto ela desce e sobe ruas, avenidas, elevadores, escadas rolantes, escadas de pedra, de madeira, de ferro, o diabo, à procura dos objetos dos seus desejos, enquanto eu permaneço dentro da bookstore ou - se estiver em Paris - caminhando pelas margens do Sena a buquinar sebos a cata de alfarrábios.
Minha biblioteca não é gigantesca; nem sei, ao certo, quantos títulos ou volumes possuo. Mas nas casas dos amigos que costumo freqüentar, ainda estou por ver alguma cujo acervo sequer se aproxime do meu. Aliás, a maioria nem biblioteca tem. Sou, portanto, muito mais do um bibliófilo: sou um adorador de livros. Todavia, sou também uma pessoa que não guarda ilusões. Há menos de dez anos, não conseguia permanecer mais do que dez minutos sem ler, sem estar a folhear um livro novo, sem consultar uma das muitas enciclopédias que possuo: A Britânica, em inglês, a Delta Larousse, em português e várias de medicina. À menor dúvida acerca de um fato histórico, do nome de um escritor, de um termo estranho, de uma pergunta banal das minhas filhas, corria para os meus livros de consulta. Ainda hoje é muito difícil sair de casa sem um livro. É a única maneira de conjugar o verbo esperar sem desesperar. Porém, as enciclopédias, coitadas, ficaram a ver navios, digo melhor, poeira, porque tenho tudo o que quero a duas tecladas do mouse.
Por outro lado, sempre fui uma pessoa pragmática. Quando ouço alguém discutir acaloradamente contra ou favor de inseminações artificiais, clonagens, fertilizações in vitro com sêmen e óvulos de gente que já morreu, minha vontade é de rir e é o que costumo mesmo fazer. Ninguém poderá deter o avanço da ciência nem a ferro, fogo, pau, ou chibata. Durante a Idade Média e o Renascimento cabeças rolaram, cientistas foram compelidas a abjurar as suas convicções, pessoas foram queimada em fogueiras com a finalidade de impedir o progresso. Mas nunca existiu um único caso em que isto tenha sido possível.
Há pouco mais de dez anos, assistindo ao Programa do Jô Soares (quando ainda prestava, porque sua pauta não era imposta pela Globo) vi uma entrevista com o cientista da computação Jean Paul Jacob - funcionário da IBM - onde ele comentou fatos e fez demonstrações estarrecedoras acerca de como seria a informática do futuro. Naquela época, isto é, há pouco menos de quinze anos, o melhor computador que existia para vender era o 386. Não havia Internet (pelo menos banalizada com está hoje). Nem sequer multimídias, tipo ICQs, MSNs, laptops, palmtops, pentiuns, videocams, códigos de barras e tantas outras engenhocas que hoje não conseguimos entender como vivíamos sem. Quando terminou a entrevista eu me virei para a minha mulher e disse esse cara está sendo pago para mentir. Quase tudo o que ele falou se materializou em pouco mais de cinco anos.
Por isso quando ouço falar que os livros de papel nunca vão se acabar, também costumo rir muito. Quando escuto alguém dizer que um romance como Guerra e Paz jamais lido através da Internet, me lembro de uma noite de luar na minha aldeia, em 1958, quando o assunto era a ida do homem à Lua. Éramos todos seminaristas e ouvíamos, sem duvidar de uma vírgula, do que dizia o nosso vigário: Ir à lua? O homem fará tudo o que quiser, menos deixar este planeta. Infelizmente ele não viveu até o dia 20 de Julho de 1969. Nós sim. E foi dele de quem me lembrei no exato momento em que ouvi aquelas palavras hoje já tão banais: "um pequeno passo e um grande salto". Gostaria tanto de estar vivo daqui a uns dez ou vinte anos somente para reler este texto que acabo de escrevinhar...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

terça-feira, 23 de junho de 2009

Concursos Literários a Partir de Junho de 2006 – (quando começou a competir).

1 -XI CONCURSO DE PROSA (Seguro Saúde)
Prêmio Professor Antonio Carlos de Almeida
Bragança Paulista
http://www.gargantadaserpente.com/encanta/c_asesprosa_r.shtml

2 -Fundação Cultural
Cassiano Ricardo (Clone Fantasma)
http://www.fccr.org.br/destaques/resultado_antologias.htm

3 -1º Concurso de Contos das Livrarias Curitiba (Título: Ilha da Páscoa)
http://www2.livrariascuritiba.com.br/index.php?system=news&action=read&id=277&eid=124

4 - 3º Concurso Guemanisse de Contos e Poesias (Hoje)
http://www.guemanisse.com.br/content/view/69/52/

5 -XXVI JOGOS FLORAIS DO ALGARVE Portugal /2006 (Clone Fantasma)
http://www.racal-clube.pt/Pages/Jogos-florais_Premiados.htm

6 -II CONCURSO NACIONAL DE CONTO E POESIA DE CHAPECÓ SC (A Valsa)
http://www.gargantadaserpente.com/encanta/c_ache_r.shtml


7 -INTERAÇÃO - RESULTADO DA SELEÇÃO DE CRÔNICAS E POEMAS
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=25358242

8 - PRIMEIRO CONCURSO DE CONTOS DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (A Última Vez Que Viu Paris)
http://www.arteliteraria.com.br/

9 - PRIMEIRO CONCURSO DE POESIA DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (terceiro Lugar) Não Apaguem as estrelas
http://www.arteliteraria.com.br/


10 - PRIMEIRO CONCURSO DE POESIA DA EDITORA ARTE LITERÁRIA (menção honrosa) A Vida Numa Casca de Noz
http://www.arteliteraria.com.br/


11 - 1º CONCURSO NACIONAL DE POESIA " POETA BENEDITO NASCIMENTO SANTOS" 2006 – Promoção da Academia Itajubense de Letras (Não Apaguem as Estrelas) Menção Honrosa.
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serconcresulta07.php


12 - Concurso Livro de Graça na Praça (Primeiro Socorro)
http://www.mg.senac.br/v2005/noticias/contos_vencedores_livro_de_graca.htm

13 – Concurso de Contos e Poesias “1º Prêmio Jovem Escritor" (Segundo Lugar) O Fazedor de Charque
http://www.editoradeleon.com.br/website.htm
http://www.editoradeleon.com.br/premiacao.htm


14 – Portal Literal TERRA – Exercícios Urbanos (A SEMANA) Primeiro Lugar (31 de Maio 2007)
http://portalliteral.terra.com.br/artigos/exercicios-urbanos-maio2007

15 - CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA CIDADE DE SANTA ROSA (Sufocação)
http://ases.zip.net/index.html


16 - PRÊMIOS DA União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) Livro de Contos “Memórias de Um Não Nascido” (3º Lugar)
http://www.edirmeirelles.com/ube_RESULTADOS.htm
http://www.meiotom.art.br/resultado7ube.htm


17 - UNIFEOB 3º Concurso Literário Octávio da Silva Bastos (Sufoco)
http://www.feob.br/novo/cursos/letras/index_noticias_int.asp?id=1065
http://www.meiotom.art.br/resultado7bastos.htm

18 - "O Universo feminino: realidade, sonho e ficção". (SESC – AMAZONAS) “O Mito de Capitu”

19 - XVII Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho Segundo Lugar (AMADADAMA)
http://www.meiotom.art.br/resultado7goyta.htm
http://www.campos.rj.gov.br/noticia.php?id=12669

20 - Prémio Literário Paul Harris-2007 Livro de Contos
Promovido pelo Rotary Club de Faro – Portugal
http://www.meiotom.art.br/resultado7harris.htm


21 – III Concurso de Contos de Cordeiro (Frenesi – Menção Honrosa)
http://www.overmundo.com.br/agenda/iii-concurso-de-contos-de-cordeiro-rj

22 PRÊMIO NACIONAL MENDONÇA JÚNIOR DE CRÔNICA E POESIA (Segundo Lugar: “Eu, Imortal”)
http://www.extralagoas.com.br/noticia.kmf?noticia=6983300&canal=342

23 - I CONCURSO DE CONTOS CURTOS FATEC-MOCOCA
TEMPORADA 2007/2008
SELECIONADOS (Três contos premiados: IMOLAÇÃO, A ARTE DE AMAR, FRENESI)
http://www.fatecmococa.com.br/default/sis/Default.asp?Artigo=67
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=2571495569080854093&na=2&nst=35

24 - XXXI Concurso Literário Felippe D'Oliveira – 2008
Conto,Crônica e Poesia (O ESQUERDISTA)
http://www.santamaria.rs.gov.br/index.php?secao=literario_result
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=5227043802746177121

25 - XVI Concurso de Poesia, Conto e Crônica da Academia de Letras de São João da Boa Vista. (PRIMEIRO LUGAR: “Ponta Esquerda”).
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serconcresulta08.php
http://www.meiotom.art.br/resultado8boav.htm

26 - 13º Concurso Literário Portugal-Brasil e XI CONCURSO LITERÁRIO - ALGARVE-BRASIL / 2008 “ALDEOTA” (Menção Honrosa) http://www.geocities.com/clubedasimpatia/c1.html
http://www.meiotom.art.br/resultado8portugal.htm

27 - XIII CONCURSO DE PROSA (Bragança Paulista - 2008) Prêmio Jornalista José Carlos Chiarion “EXTREMA ESQUERDA”
http://www.asesbp.com.br/concursos/XIII_prosa_result.htm


ou

http://portalliteral.terra.com.br/


15 - CONCURSO INTERNACIONAL DE LITERATURA CIDADE DE SANTA ROSA (Sufocação)
http://ases.zip.net/index.html


16 - PRÊMIOS DA União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) Livro de Contos “Memórias de Um Não Nascido” (3º Lugar)
http://www.edirmeirelles.com/ube_RESULTADOS.htm
http://www.meiotom.art.br/resultado7ube.htm


17 - UNIFEOB 3º Concurso Literário Octávio da Silva Bastos (Sufoco)
http://www.feob.br/novo/cursos/letras/index_noticias_int.asp?id=1065
http://www.meiotom.art.br/resultado7bastos.htm

18 - "O Universo feminino: realidade, sonho e ficção". (SESC – AMAZONAS) “O Mito de Capitu”

19 - XVII Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho Segundo Lugar (AMADADAMA)
http://www.meiotom.art.br/resultado7goyta.htm
http://www.campos.rj.gov.br/noticia.php?id=12669

20 - Prémio Literário Paul Harris-2007 Livro de Contos
Promovido pelo Rotary Club de Faro – Portugal
http://www.meiotom.art.br/resultado7harris.htm


21 – III Concurso de Contos de Cordeiro (Frenesi – Menção Honrosa)
http://www.overmundo.com.br/agenda/iii-concurso-de-contos-de-cordeiro-rj

22 - PRÊMIO NACIONAL MENDONÇA JÚNIOR DE CRÔNICA E POESIA (Segundo Lugar: “Eu, Imortal”)
http://www.extralagoas.com.br/noticia.kmf?noticia=6983300&canal=342

23 - I CONCURSO DE CONTOS CURTOS FATEC-MOCOCA
TEMPORADA 2007/2008
SELECIONADOS (Três contos premiados: IMOLAÇÃO, A ARTE DE AMAR, FRENESI)
http://www.fatecmococa.com.br/default/sis/Default.asp?Artigo=67
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=2571495569080854093&na=2&nst=35

24 - XXXI Concurso Literário Felippe D'Oliveira – 2008
Conto,Crônica e Poesia (O ESQUERDISTA)
http://www.santamaria.rs.gov.br/index.php?secao=literario_result
http://www.orkut.com.br/CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=5227043802746177121

25 - XVI Concurso de Poesia, Conto e Crônica da Academia de Letras de São João da Boa Vista. (PRIMEIRO LUGAR: “Ponta Esquerda”).
http://www.blocosonline.com.br/literatura/servic/serconcresulta08.php
http://www.meiotom.art.br/resultado8boav.htm

26 - 13º Concurso Literário Portugal-Brasil e XI CONCURSO LITERÁRIO - ALGARVE-BRASIL / 2008 “ALDEOTA” (Menção Honrosa) http://www.geocities.com/clubedasimpatia/c1.html
http://www.meiotom.art.br/resultado8portugal.htm

27 - XIII CONCURSO DE PROSA (Bragança Paulista - 2008) Prêmio Jornalista José Carlos Chiarion “EXTREMA ESQUERDA”
http://www.asesbp.com.br/concursos/XIII_prosa_result.htm

28 - Prêmio UFF de Literatura 2008:
júri divulga finalistas
http://www.eduff.uff.br/noticias.php?id=359

29 - Prêmio Literário FEPAM 40 anos – “EXORCISMO” – Destaque Especial
http://www.unipam.edu.br/noticia.unipam?noticia.idNoticia=272

30 - Prêmio Cidade de Conselheiro Lafaiete “O VÔO DA MORTE” (2º Lugar)
http://www.meiotom.art.br/resultado8lafa.htm

31 - 3o. Concurso de Contos do Tijuco “RETRATOS DA ALMA”
http://www.alami.xpg.com.br/50.html
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=266647&tid=5276671746157407703

32 - Concurso Nacional de Contos "João Guimarães Rosa" (“O DIABO HÁ!” - 3º Lugar) ASBL (Academia Sul Brasileira de Letras - Pelotas RS – 2008


33 - ACADEMIA DE LETRAS DOS CAMPOS GERAIS - CONCURSO DE CRÔNICAS - 200 ANOS DA CHEGADA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA AO BRASIL. (3º lugar).
http://www.meiotom.art.br/resultado8gerais.htm


34 – Prêmio UFF de Literatura 2008 – FINALISTA
http://www.meiotom.art.br/resultado8uff.htm

35 - Prêmio UFF de Literatura 2008 – Menção Honrosa
http://www.editora.uff.br/

36 - Prêmio Literário Cidade de Porto Seguro – 2008 (Sinistro)
http://www.meiotom.art.br/resultado8porto.htm

segunda-feira, 22 de junho de 2009

"La Belle Dame Sans Merci"

Tradução livre do Poema de John Keats

"O que te aflige tanto ó cavaleiro?
Pareces só, lívido e tão sem rumo!
O junco à beira do lago já secou
E os pássaros não cantam mais.

O que te aflige tanto, ó cavaleiro?
Pareces alquebrado e tão tristonho!
O celeiro da quinta está repleto
E a colheita terminou.

Posso ver um lírio em tua fronte
Angustiada, úmida e febril,
E em tua face uma rosa esmaecida
Velozmente a fenecer".

"Encontrei uma dama na campina
Formosa qual princesa encantada,
Os cabelos eram longos, os pés luziam
E os seus olhos cintilavam.

Fiz uma grinalda para ela,
E do sândalo moldei uma pulseira,
E ela me fitando com amor
Murmurou um suave lamento.

Sentei-a na garupa do meu corcel
E nada mais eu vi naquele dia
Senti apenas que ela se curvava e entoou
Uma linda canção da sua terra.

Ela me deu raízes de ervas doces
E a doçura selvagem de um maná,
E numa estranha língua murmurou:
‘Eu te amo de verdade’.

Levou-me para dentro do seu antro
E lá chorou copiosa e amargamente,
Então cerrei aqueles olhos virginais
Com quatro beijos.

Depois me fez adormecer,
E eu sonhei – Ah! Que desgosto!
O último sonho que sonhei
Sobre a encosta fria da colina.

Via pálidos reis e pálidas princesas,
Pálidos guerreiros com a palidez da morte;
E todos diziam: – ‘A Bela Dama Ingrata
Te encantou!’

Via seus trêmulos lábios sardônicos,
Com horrendos esgares a zombar,
Então acordei e me encontrei aqui,
Sobre esta encosta fria da colina.

E eis porque aqui estou agora,
Sozinho, lívido e tão sem rumo,
Embora seco esteja o junco junto ao lago,
E não cantem jamais os passarinhos".

'O WHAT can ail thee, knight-at-arms,
Alone and palely loitering?
The sedge is wither'd from the lake,
And no birds sing.

'O what can ail thee, knight-at-arms,
So haggard and so woe-begone?
The squirrel's granary is full,
And the harvest 's done.

'I see a lily on thy brow
With anguish moist and fever dew;
And on thy cheeks a fading rose
Fast withereth too.'

'I met a lady in the meads,
Full beautiful – a faery's child,
Her hair was long, her foot was light,
And her eyes were wild.

'I made a garland for her head,
And bracelets too, and fragrant zone;
She look'd at me as she did love,
And made sweet moan.

'I set her on my pacing steed
And nothing else saw all day long,
For sideways would she lean, and sing
A faery's song.

'She found me roots of relish sweet,
And honey wild and manna dew,
And sure in language strange she said,
"I love thee true!"

'She took me to her elfin grot,
And there she wept and sigh'd fill sore;
And there I shut her wild, wild eyes
With kisses four.

'And there she lullèd me asleep,
And there I dream'd – Ah! woe betide!
The latest dream I ever dream'd
On the cold hill's side.

'I saw pale kings and princes too,
Pale warriors, death-pale were they all;
They cried – "La belle Dame sans Merci
Hath thee in thrall!"

'I saw their starved lips in the gloam
With horrid warning gapèd wide,
And I awoke and found me here,
On the cold hill's side.

'And this is why I sojourn here
Alone and palely loitering,
Though the sedge is wither'd from the lake,
And no birds sing.'

quarta-feira, 10 de junho de 2009

PRÉMIO LITERÁRIO PAUL HARRIS – 2009

REGULAMENTO

O Rotary Club de Faro instituiu o Prémio Literário Paul Harris, a conceder anualmente, e tem por objectivo homenagear o criador de Rotary International (o maior movimento não governamental do mundo), em Chicago, em 1905, e também incentivar a produção literária, contribuindo assim para a defesa e enriquecimento da Língua Portuguesa.

1. Ao Prémio Literário Paul Harris podem concorrer obras inéditas e obrigatoriamente escritas em língua portuguesa, desde que os autores não pertençam à organização do concurso nem ao seu júri.
2. O Prémio é atribuído no género Narrativa (romance, novela ou colectânea de contos), sendo o seu valor de 1.500 € (mil e quinhentos euros), utilizado na edição da obra, valor que integra os direitos de autor correspondentes à primeira edição da respectiva obra, que será da responsabilidade do Rotary Club de Faro.
2.1. O autor terá direito a 50 exemplares da obra, podendo, se o desejar, adquirir mais exemplares, junto da editora, com 40% de desconto sobre o preço de capa.
2.2. Quando esgotada esta edição, o autor é livre de fazer outras por sua conta.
2.3. Aos autores premiados, seja em que modalidade for, não poderão ser atribuídos novos prémios, sem que tenha decorrido um intervalo de 5 anos.
2.4. O Prémio não poderá ser atribuído “ex-aequo”, mas pode haver Menções Honrosas, recebendo os respectivos autores um diploma.
3. De cada obra os concorrentes enviarão 4 (quatro) exemplares, em formato A4, margens superior, inferior, esquerda e direita de 2,5 cm, e tipo dos caracteres em «Times New Romam-12», a espaço e meio, com um mínimo de 200.000 e o máximo de 300.000 caracteres (incluindo espaços), com as folhas ligadas entre si, de forma permanente, com o número de página e o pseudónimo na parte superior direita de cada uma e com uma capa onde conste unicamente o pseudónimo e o título da obra.
3.1. Quando um concorrente apresente mais que um trabalho, deverá entregá-los ou remetê-los em separado, subscritos por pseudónimos diferentes.
3.2. Os trabalhos serão acompanhados de um envelope lacrado (ou com fita gomada), opaco, com a identificação do autor no interior (nome completo, nome artístico – facultativo, – morada, telefone e e-mail - se tiver), e, no exterior, o pseudónimo e o título da obra.
3.3. Os trabalhos serão obrigatoriamente enviados pelo correio, até ao dia 21 de Agosto de 2009 (data dos Correios), para:
Prémio Literário Paul Harris – 2009
Rotary Club de Faro
Apartado 56
8001-911 FARO
PORTUGAL

4. O Prémio será atribuído por um júri composto de 3 membros, que elaborará e assinará acta da decisão tomada e da respectiva justificação, podendo não atribuir o Prémio, se entender que as produções a concurso não possuem o nível exigível.
5. O Prémio será entregue em sessão pública, em data a anunciar, coincidente com a apresentação da obra.
5.1 Em todos os casos, o encargo e a responsabilidade pelo transporte dos livros recebidos pelo premiado pertencerão a este.
6. Os concorrentes, quando entregam os seus trabalhos, obrigam-se a aceitar as condições do concurso, que terão de ser integralmente cumpridas, sob pena de exclusão.
6.1. Os trabalhos não premiados podem ser levantados até 60 dias após a entrega do Prémio, mediante combinação prévia, e os que não forem levantados serão destruídos, bem como os respectivos envelopes lacrados.
6.2. Não haverá recurso da decisão do júri e os casos omissos serão resolvidos pela organização e pelo júri.

terça-feira, 2 de junho de 2009

"ESQUIZOLÓQUIO NUMA CIDADE SEM NOME"

Premiado no Concurso de Contos Newton Sampaio / 2008, o excepcional texto de Marina Tschernyschew (o único de sua autoria publicado na INTERNET) já está disponível no Blog "MULHERES ESCRITORAS"

Leia / Comente:

http://surgeon.blog.uol.com.br/

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Essa Essa É do Eça

Toda vez que vou a Lisboa aproveito para gouvarinhar. Somente quem já leu Os Maias sabe o que estou a dizer. A verdade é que enquanto me encontro naquela cidade, o pobre homem de Póvoa do Varzim não me sai da cabeça. Se vou ao Chiado, o fantasma do padre Amaro não para de me obsedar, juntamente com o sacerdote, seu colega, a repetir: "Amaro, seu maganão!" Se estou no Rossio, o consultório ocioso do Dr. Carlos Eduardo fica com as portas entreabertas e, lá de fora, posso observar o neto de Afonso da Maia conversando miolo de moringa com o seu amiguirmão João da Ega. Não sei bem por que, mas situo o Ramalhete no Restelo. Lá dentro, Afonso da Maia se queda a embalar-se numa cadeira de balanço, tendo à mão um alfarrábio. Sempre vou a Sintra, onde reitero visitas sem contas ao Castelo da Pena, ao Palácio Real, às ruínas do Castelo dos Mouros e à Regaleira. Sou também freqüentador assíduo de uma das propriedades dos Maias - aquela onde o Carlos Eduardo e a irmã Maria Eduarda incestavam para desgosto e escândalo do avô. Ali mesmo, está o Vilaça sentado a uma mesa, e de óculos pra perto, a fazer intermináveis contas. Em qualquer taberna onde entro é muito raro não encontrar o Euzebiozinho cercado de meretrizes espanholas. De volta a Lisboa, se entro numa livraria qualquer, avisto o Alencar. Vou ao Museu da Fundação Calouste Goulbenkian e com quem deparo logo na entrada? Nada menos do que com o Conselheiro Acácio a arengar sobre a importância dos descobrimentos, a sofisticação da cultura lusitana e a magnificência dos monumentos portugueses. Sigo para o lado de Arroios e deparo com prima Luisa me observando pelos cantos dos olhos, temendo, quem sabe, que eu seja o Ernestinho Ledesma - primo do seu marido Jorge – e esteja espioná-la. Na Avenida da Liberdade esbarro a todo instante com dezenas de Sebastiões, Juliões, Marianas, Julianas, Donas Felicidades, Tias Vitórias, Basílios e Reinaldos. Nas missas dominicais, entrevejo a Titi de A Relíquia, a rezar compenetradamente com o sobrinho Raposão. Quando estive em Leiria, vi a São Joaneira saindo da igreja puxando pelo braço a filha Amélia com um ventre enorme, a denunciar adiantada gestação! Enfim, todas as vezes que vou a Portugal - e lá já estive em dezenas de ocasiões -, os personagens de Eça de Queiroz são as primeiras motivações das minhas fantasias. Certa vez tive mesmo uma alucinação com o próprio romancista. Tratava-se do seu funeral. Na cerimônia de corpo presente, juro ter visto uma faixa roxa estendida no catafalco, onde se podia ler esta frase escrita com letras douradas: "ESSA ESSA É DO EÇA”.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

CAROLA SAAVEDRA E O "PRÊMIO TELECOM"

Carola

Estou feliz DE VERDADE pelo sucesso de "Flores Azuis" no TELECOM
- Estar entre os finalistas já é UM PRÊMIO E TANTO!
Torcendo muito para ser o PRIMEIRO
Um abraço
Ray Silveira


Caro Ray,

Muito obrigada pelas suas palavras tao gentis.
Como você diz, estar entre os finalistas já é um prêmio e tanto.
Grande abraco,
Carola

domingo, 17 de maio de 2009

"Dear Doctor, I Have Read Your Play (Excertos)

[Lord Byron]

Tradução de Ray Silveira

Caro Doutor, estou pronto!
Para o senhor que é perito em sua arte,
Corte os meus olhos, remova minhas entranhas,
E as preencha com suas toalhas
Embebidas nas lágrimas do meu desgosto,
E recolhidas no auge da histeria
Que despedaça nervos e acelera pulsações,
Sob o influxo do vosso desastroso tratamento.
Admiro vosso talento e os vossos apetrechos;
Vossa performance também é condizente com o cenário!
Vossas palavras são ágeis e envolventes;
A trama do vosso trabalho é impecável;
Em vós, o herói se empolga e a heroína chora,
Tudo fere e mesmo assim, todos morrem.
Em síntese, vossa tragédia consiste
Em tudo observar e tudo ouvir;
E para que o vosso amor próprio saia intacto,
Se eu resolver desistir agora,
Não será porque desconfiei do vosso mérito
Em detrimento daqueles que apregoam qualidades.
Todavia, custa-me dizer: opere-me
Mas dê-me drogas, Senhor, um mar de drogas.
[...]

Caro doutor, retome o seu trabalho!
Desculpe, mas não poderia resistir,
A menos que fosse contido pela força bruta.
Minhas mãos estão tensas; minha cabeça tão confusa,
Ando sempre tonto e quase a desfalecer;
Portanto, com infinita franqueza e estoicismo,
Sou todo seu, caro Doutor!


Dear Doctor, I have read your play,
Which is a good one in its way,
Purges the eyes, and moves the bowels,
And drenches handkerchiefs like towels
With tears that, in a flux of grief,
Afford hysterical relief
To shatter'd nerves and quicken'd pulses,
Which your catastrophe convulses.
I like your moral and machinery;
Your plot, too, has such scope for scenery!
Your dialogue is apt and smart;
The play's concoction full of art;
Your hero raves, your heroine cries,
All stab, and everybody dies;
In short, your tragedy would be
The very thing to hear and see;
And for a piece of publication,
If I decline on this occasion,
It is not that I am not sensible
To merits in themselves ostensible,
But--and I grieve to speak it--plays
Are drugs--mere drugs, Sir, nowadays.

[...]

But, to return, Sir, to your play;
Sorry, Sir, but I cannot deal,
Unless 'twere acted by O'Neill.
My hands are full--my head so busy,
I'm almost dead--and always dizzy;
And so, with endless truth and hurry,
Dear Doctor, I am yours.

sábado, 16 de maio de 2009

Por que AMADADAMA?

Das dezenas de contos que escrevi só tem UM (umzinho só), do qual, quanto mais o tempo passa, mais eu gosto. Foi concebido e escrito em apenas quatro horas. Às vezes tenho a impressão que foi um espírito que me ditou. Quem sabe, o do Cortázar, ou o do Borges. Mas tendo em vista o tamanho (pouco mais de 600 palavrinhas)... Sei não; sei não...)

Por que AMADADAMA?

1 – Pela originalidade (Não existe enredo similar na literatura mundial);
2 – Pelos significados (Conta uma história deixando várias implícitas);
3 – Pela circularidade (Termina por onde começou, sem que o leitor se aperceba disso antes de ler a última frase);
4 – Pelo título (Que, sozinho, diz isto que acabou de ser dito);
5 – Pela síntese (Contém apenas 630 palavras);
6 – Pela brevidade com que foi concebido e escrito (Quatro horas).

quarta-feira, 6 de maio de 2009

ODE ÀS PUTAS

Mulher da vida,
Hoje senti muita vontade
De compor um poema
- Que só falasse de amor -
Para ti, mulher da vida!
Mulher da vida,
Mulher à toa,
Mulher garoa
Eu te amo mais
Que as demais.
Mulher HONESTA,
Mulher que presta,
Mulher sem festa,
Eu te admiro pela coragem
De assumires a tua sina,
Sem enganar a Seu ninguém!
Mulher errada,
Mulher sem nada,
Mulher "safada",
Mal tens o direito
De ser chamada
Por este lindo nome:
MULHER.
Mulher faceira,
Mãe solteira,
Rameira,
Pistoleira:
São as palavras
Com que intenta te injuriar
A hipocrisia humana.
Mulher sem nome,
Mulher com fome,
Que nunca some,
Hoje, amanhã e sempre
Quero te amar.
Mulher sem porte,
Mulher sem sorte,
Mulher sem norte -
Mil vezes melhor que sejas
Mulher da vida
Do que se fosses
Mulher da Morte!

Miniconto de Natal

"A Ceia de Natal"

Um nordestino, chegou em casa na noite de Natal de 1958 e sentiu um cheiro de queimado. Estranhou. Logo depois deparou com os filhos em redor de uma trempe improvisada sapecando num espeto algo que parecia pequenas serpentes. Cuidou que as crianças estivessem preparando, com cobras, uma Ceia de Natal e ficou apavorado. - Não, pai. Num é cobra, não. É só umas linguicinhas que tavam saindo pelo cu e nós tamo assando pro jantar...
(Enviado pelo orkut para celular)

OS VENDEDORES DE HUMILHAÇÕES

A coisa tá feia. Desde que me entendo por gente escuto este refrão. Se bem que quando me entendi por gente o mundo acabava de sair de uma guerra. Então, a coisa tava mais do que feia: tava horripilante. Mas continuou feia. Ouvi que a coisa tava feia quando o Getúlio se matou, quando o Jânio renunciou, quando deram um golpe de estado que durou um quarto de século. A coisa tá feita. Continuei a escutar e a concordar pela vida afora. Já vi venderem água morna, sanduíche de vento, pastel de carne de alma e, há algum tempo atrás, até vagas nas filas do SUSto. Mas a coisa nunca esteve tão feia quanto hoje. Estão vendendo vaidades. Isso mesmo: vaidades. E o pior é que a oferta parece empatar com a procura. Se esta não for maior.

Uma prova disto é que estão vendendo vaidades de uma maneira tão descarada que nem perguntam mais ao consumidor se ele está disposto a comprar. Mandam logo o contrato, faltando só a assinatura. Enfim, como se o negócio já estivesse fechado. A minha oferta de vaidade chegou pelo correio. Recebi o contrato, os boletos de pagamento bancário preenchidos com o devido(?) valor etc. Tão certos já estavam de que eu me encontrava ansioso por este produto.

Não nego que sou vaidoso. Todo mundo é, em maior ou menor grau. Quem diz que não é, além de vaidoso é hipócrita. Acontece que o produto que me foi oferecido (oferecido é modo de dizer, que me foi cobrado) em forma de vaidade é, pelo menos para mim, precisamente o contrário. Ou seja, uma enorme humilhação. Será que ainda não adivinharam qual foi a mercadoria que quiseram me empurrar goela abaixo em forma de vaidade? O produto com que tentaram me achacar... Me humilhar? Isso mesmo. A publicação de um livro escrito por mim mesmo. Para ser pago com o meu dinheiro.

Existiria outra forma de humilhar mais humilhante do que essa? Passo dias suando poças de frases pelo corpo inteiro e transpirando gotas de idéias pelo cérebro para mandar imprimir em papel o que escrevo no computador e ainda pagar caro. Será que existe humilhação maior do que esta?

terça-feira, 5 de maio de 2009

2ª SEMANA LUIZ VILELA


Prezado Raymundo Silveira:Bom-dia! Estamos lhe enviando, anexos, alguns arquivos: o Regulamento do 19.º Concurso de Contos Luiz Vilela e o convite para a 2.ª Semana Luiz Vilela, para sua apreciação e, se for possível, pedimos que você os divulgue para nós. Desde já, agradecemos.Um abraço.Edson Angelo Muniz.Presidente do Conselho Curador da Fundação Cultural de Ituiutaba.

Por que AMADADAMA é um dos DEZ melhores contos da Literatura de Língua Portuguesa

1 – Pela originalidade (Não existe enredo similar na literatura mundial);
2 – Pelos significados (Conta uma história deixando várias implícitas);
3 – Pela circularidade (Termina por onde começou, sem que o leitor se aperceba disso antes de ler a última frase);
4 – Pelo título (Que, sozinho, diz isto que acabou de ser dito);
5 – Pela síntese (Contém apenas 630 palavras);
6 – Pela brevidade com que foi concebido e escrito (Quatro horas).

Alguns comentários sobre o conto AMADADAMA

SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS
Mais um Doppelgänger. Mas não um doppelgänger qualquer. Não é como o de Maupassant, Borges, Dostoievski ou Coelho Neto, entre tantos. O de Ray é palíndromo e recursivo. É como um truque de mágica. Ray como um ilusionista consegue manter o suspense e a atenção de sua platéia. Como um ilusionista, executa alguns truques com as mãos, mostra a caneta, dizendo que irá executar uma mágica usando uma simples caneta; pede que verifiquemos a caneta; junta as mãos entrelaçando os dedos sem soltá-la; deixa um dos dedos solto, escondido atrás dos outros; prende a caneta com esse dedo; não deixa que ninguém perceba que ele segura a caneta; diz uma palavra mágica e (voilà!) separa as mãos sem soltar os dedos. O que vemos, então? Uma caneta que flutua... Parabéns pelo truque, Ray. Parabéns pelo belo conto!
Cláudio Soares souza.soares@gmail.com

O conto Amadadama, de Ray Silveira, mostra a que veio: premiado no XVII Concurso de Contos José Cândido de Carvalho, retrata a angústia do ser que se sabe inadequado à multidão, e que realiza o doloroso e solitário mergulho em si mesmo. Curiosamente, a aterradora descoberta que se dá ao final já é vislumbrada desde as primeiras linhas, quando o narrador especula: “cuidariam que somos gêmeos?”. Entretanto, a verdade cai, de forma avassaladora, levando-nos à inevitável conclusão: sempre buscamos a nós mesmos. A propósito do título, não poderia ser mais expressivo, refletindo algo que, lido ao contrário, reverte-se no mesmo, realizando, no plano estético, o sentido que se revela ao leitor ao longo do texto. Parabéns, Ray!
Tatiana Alves Soares Caldas tatiana_alves@uol.com.br

Ray Li o teu “AMADADAMA”. Está muito bom; conseguiste o ritmo arfante da cópula. E se a gente não cuida... É beleza ganhar algum dinheiro com literatura. Um grande abraçoHelena Ortiz Helena Ortiz helenaortiz@uol.com.br

Acabei de ler Amadadama e A Possuída, de Ray Silveira. O autor não conta fatos simplesmente por contar,ele mostra a fragilidade da mente humana. Como as personagens, entramos em crise, contornamos nossas fantasias e acabamos vivendo na "inconsciência". Ray se propõe a mostrar os mistérios do mundo interior,mais sugerindo que explicando. Nós, leitores, vamos construindo o sentido, à medida que avançamos na leitura. Leio, páro, penso...volto e releio.Tento decifrar o escritor e seus motivos. Impossível não aplaudir!Maria Jose TauilMaria Jose Tauil mjtauil@terra.com.br